A
audiência em tempo real, conhecida como minuto a minuto, ou até em
inglês, real-time, se tornou uma poderosa ferramenta para os programas
de televisão, principalmente aqueles que são apresentados ao vivo. Ele
que pode determinar o tempo que artistas ficam cantando ao vivo em um
programa dominical.
O real-time serve
também para orientar editores e diretores de programas, noticiários,
induzindo a ordem das reportagens a serem exibidas, e principalmente
entre Record e SBT, o “real time” do Ibope influencia até no momento que
uma emissora decide ir para o intervalo comercial.
Por
ter visto sua audiência estável desde o início do ano cair nos últimos
dias, a Record entrou com uma ação judicial contra o instituto, tudo
baseado em um estudo técnico-científico feito pelo jornalista Valdecir
Becker, mestre em TV digital, doutor em Engenharia Elétrica, professor
da Universidade Federal da Paraíba.
Becker
comparou as audiências prévias, fornecidas pelo Ibope em tempo real,
com as consolidadas, enviadas pelo instituto na manhã do dia seguinte
(em São Paulo), e chegou a uma conclusão assustadora: dos 366 dias de
2012, apenas em um único dia, em julho, a audiência prévia coincidiu com
a consolidada. E isso apenas nos números da Globo. Nas demais
emissoras, houve variações em todos os dias.
O
comportamento das variações foi o que mais impressionou; no caso da
Record, sua audiência consolidada foi menor em 182 dias e maior em 184.
Já para a Globo, a audiência consolidada foi maior em 192 dias e menor
em 173. Já o SBT teve consolidados maiores em 224 dias e menores em 142.
E o pior, a audiência perdida pela Record na prévia geralmente aparece
como ganho para a Globo na consolidada.
“É
um risco usar estratégica e comercialmente as informações da audiência
prévia. A audiência se baseia na credibilidade. Uma vez que as
informações prévias não são confiáveis, sendo constantemente corrigidas,
pode-se questionar porque os dados consolidados da audiência o seriam.
Do ponto de vista estatístico e da análise da audiência, há dúvidas
sobre a qualidade e a utilidade das informações fornecidas pelo Ibope”,
diz o especialista.
Em nota ao site
Notícias da TV, o IBOPE se defende e diz que: “sempre orienta seus
clientes e a imprensa a utilizar apenas dados consolidados de audiência
do dia seguinte à transmissão, e não os índices prévios do real time,
porque eles podem sofrer ajustes”.
Segundo
o instituto, “a recepção dos dados de audiência real time do Ibope pode
ser afetada em função de problemas de transmissão de informações. Entre
eles, operadoras de telefonia, responsáveis pelo fornecimento serviço
de transmissão”.
As informações são do colunista Daniel Castro
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