segunda-feira, 7 de julho de 2014

As maiores polêmicas das novelas

Merchandising social, defesa de causas e discussão de temas contemporâneos. Novela também é lugar de conversa séria! Relembre alguns dos temas que acenderam debates e fizeram história nas principais tramas da televisão brasileira:

 

Doação de medula óssea

Laços de Família (2000) marcou época ao contar uma história de luta contra o câncer. Helena (Vera Fischer) abriu mão do seu amor por Edu (Reynaldo Gianecchini) para que ele fosse feliz com sua filha, Camila (Carolina Dieckmann). Depois de uma fase dolorosa e complicada, a família se viu feliz novamente até encontrar um problema ainda maior: Camila descobriu que tinha leucemia, e seu tratamento só podia ser bem sucedido com um transplante de medula óssea. A história escrita por Manoel Carlos bateu recordes de audiência e trouxe à tona um tema importante, conseguindo dobrar o número de doações em todo o país.

Divórcio

A crise no casamento de Antonio Dias (Tarcísio Meira) e Cândida (Susana Vieira) em A Escalada (1975) fomentou o debate sobre o divórcio, que até então não era legalizado no país. O tema foi um dos focos da trama de Lauro César Muniz, mas já havia sido abordado pioneiramente por Dias Gomes em Verão Vermelho (1969). As duas novelas ajudaram a trazer resultados palpáveis: em 1977, a Lei do Divórcio foi aprovada - apenas dois anos após a exibição de A Escalada.

Migração ilegal

Em 2005, uma pesquisa realizada pela produção de América revelou que cerca de um milhão de brasileiros viviam ilegalmente nos Estados Unidos. Gloria Perez levou a história dessas pessoas para o horário nobre, mostrando as dificuldades enfrentadas para entrar no país e também para continuar a vida por lá. A travessia pela fronteira com o México, liderada por atravessadores e coiotes, foi retratada por Sol (Deborah Secco), Fátima (Bete Mendes), Rosário (Fernanda Paes Leme) e outros fortes personagens. Na fase de pré-produção, Thiago Lacerda e o diretor Jayme Monjardim chegaram a ser detidos no México ao gravarem imagens de um posto de fronteira.

Barriga de aluguel

Era 1985 quando Gloria Perez escreveu a sinopse de Barriga de Aluguel. A trama, no entanto, só foi ao ar cinco anos depois, pois tinha sido considerada muito distante da realidade. Quando as notícias sobre inseminação artificial começaram a se multiplicar, a novela chegou apresentando o dilema da disputa pela maternidade. Ana (Cássia Kis Magro), mãe biológica, e Clara (Claudia Abreu), barriga de aluguel, duelaram a preferência do público, com direito a enquetes reais inseridas na trama. Em 2013, Walcyr Carrasco trouxe o tema de volta, mas com uma polêmica a mais: a barriga de aluguel, Amarilys (Danielle Winits), foi contratada pelo casal homossexual Niko (Thiago Fragoso) e Eron (Marcello Antony).

Clonagem

Em 2001, a clonagem era um dos principais temas de discussão científica, e Glória Perez aproveitou a oportunidade de trazer o tema para a televisão. O Clone baseou-se na história da ovelha Dolly, criada a partir de células de um animal adulto, para falar sobre clonagem humana. Coincidentemente, um mês após a estreia da trama, o médio italiano Severino Antinori anunciou que faria o primeiro clone humano, contribuindo com a audiência e contemporaneidade da história. Logo depois, a ONU começou a debater protocolos sobre o assunto. A ovelha Dolly morreu em 2003, oito meses depois do fim da novela. Antinori, por sua vez, afirma ter sido bem sucedido, mas nunca deu detalhes sobre os clones que teria criado.

Dependência química

O drama da dependência química vivida por Mel (Débora Falabella), Nando (Thiago Fragoso) e Lobato (Osmar Prado) em O Clone (2001) reforçou os debates sobre o consumo de drogas. Além dos personagens, a novela apresentava depoimentos reais de dependentes em tratamento. Com sua exibição, o número de internações em clínicas de reabilitação cresceu no país, e a campanha rendeu à trama uma homenagem especial da Academia Nacional de Medicina. Anos antes, o tema tinha recebido grande destaque em Torre de Babel (1998), com o instável Guilherme (Marcello Antony). Na ocasião, o personagem não foi bem aceito e Silvio de Abreu optou por matá-lo na explosão de um shopping.

Crianças desaparecidas

A história de Odaísa (Isadora Ribeiro) em busca do filho desaparecido, Gugu (Luiz Cláudio Júnior), comoveu o país com Explode Coração (1995). Em uma cena marcante, Odaísa foi à Cinelândia, no Rio de Janeiro, com um cartaz e se reuniu com mães que na vida real buscavam seus filhos. Lá, ela e outras mulheres foram entrevistadas por Yone Sampaio (Deborah Evelyn). Além disso, no final de cada capítulo de Explode Coração foram exibidas fotos de crianças desaparecidas de todo o país. Cerca de 70 foram encontradas com ajuda da novela.

Alcoolismo

O alcoolismo tem sido tratado com frequência nas novelas. Em uma das tramas mais marcantes sobre o assunto, Paulo José emocionou o Brasil ao interpretar Orestes, em Por Amor (1997). Ele era sustentado pela esposa Lídia (Regina Braga) e seus porres envergonhavam a filha, Maria Eduarda (Gabriela Duarte), que o renegava. Em Viver a Vida (2009), o drama uniu-se a outra polêmica: os distúrbios alimentares. Bárbara Paz viveu Renata, que sofria de anorexia alcóolica e substituía a comida pela bebida para não engordar.


Bulimia

A discussão sobre distúrbios alimentares já tinha ganhado força com Páginas da Vida (2006). Manoel Carlos contou a história de Giselle (Pérola Faria), uma garota que era obrigada pela mãe a estudar balé e seguir dietas. Desde criança, ela comia doces escondido e sofria de bulimia, provocando o próprio vômito após as refeições. Reportagens verídicas sobre mortes causadas pelos transtornos foram inseridas na trama, lidas pelos pais de Giselle, Anna (Deborah Evelyn) e Miroel (Ângelo Antônio).

Prostituição

Ao escrever Laços de Família (2000), Manoel Carlos inspirou-se em uma reportagem sobre prostituição de jovens universitárias e criou a história de Capitu (Giovanna Antonelli). Para sustentar os pais e o filho, a personagem trabalhava como garota de programa. Quando decidiu mudar de vida, passou a sofrer com investidas de ex-clientes e com as ameaças do ex-marido, Maurinho (Luiz Nicolau). A personagem conquistou o público, como também fez outra prostituta das novelas: a divertida Bebel (Camila Pitanga), de Paraíso Tropical (2007).


Homossexualidade

Um tema polêmico e recorrente! O costureiro Rodolfo Augusto (Ary Fontoura), de Assim na Terra como no Céu (1970), é considerado um dos primeiros personagens homossexuais da televisão. Em Torre de Babel (1998), diante da má aceitação do público, o namoro de Leila (Silvia Pfeifer) e Rafaela (Christiane Torloni) foi retirado da trama às pressas. O primeiro casal gay a ser bem aceito surgiu cinco anos depois: Clara (Alinne Moraes) e Rafaela (Paula Picarelli), de Mulheres Apaixonadas (2003). O beijo entre pessoas do mesmo sexo só aconteceu em uma novela brasileira em 2013, em Amor à Vida, quando os personagens conquistaram o país e fizeram a audiência torcer por sua união. Protagonizada por Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso), a cena comoveu o público.


Bala perdida

A criminalidade e a violência entraram em pauta em Mulheres Apaixonadas (2003). A Globo realizou uma superprodução para o capítulo em que uma perseguição policial culminou em Fernanda (Vanessa Gerbelli) e Téo (Tony Ramos) sendo baleados acidentalmente. Mas a polêmica do tema começou antes mesmo das imagens serem produzidas. O roteiro não agradou aos empresários da região, que acreditavam que as cenas denegririam a imagem do bairro. O então subprefeito da zona sul do Rio de Janeiro chegou a proibir a gravação, mas, diante da insistência de Manoel Carlos e da emissora, a produção foi liberada pelo prefeito.

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