segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
Lucélia Santos e Regina Duarte analisam as novelas de hoje
Longe das novelas desde 2006, quando atuou em Cidadão Brasileiro, da Rede Record, Lucélia Santos acredita que a teledramaturgia brasileira sofre uma mudança completa nos últimos anos. “As novelas – quando eu vejo um pouco, às vezes eu vou olhar para ver como as pessoas estão atuando – são clipadas. É outra proposta de trabalho. Hoje não há tanto espaço para o ator”, avaliou a atriz, durante coletiva de imprensa após a gravação do especial de aniversário do programa Altas Horas, nesta quinta-feira, 5.
“A televisão passou por várias mudanças incríveis nesses anos todos que estou fora. Houve um compartilhamento de audiência, com a entrada da televisão a cabo, as séries... Houve uma mudança geral. É uma nova televisão e uma nova situação cultural do Brasil”, comentou Lucélia, que deu exemplos de trabalhos antigos: “Quando a gente fez Água Viva [1980], nós falamos de um tempo da TV Globo onde uma novela dessas dava 70, 80 pontos de audiência. A viúva Porcina [personagem de Regina Duarte em Roque Santeiro [1985] nos últimos capítulos dava 80 pontos. Eu fazia Rasga Coração no teatro na época e eu me lembro que a gente ficou inseguro de se apresentar naquela noite, porque ninguém iria ao teatro. A população do Brasil estava em casa vendo o último capítulo com a viúva Porcina. Eu mesma já fiz várias novelas com esse aporte”.
Lucélia acha que o novo formato das novelas não dá tempo para o ator sentir a emoção do personagem. “Em Água Viva, eu e o Fábio Jr. tínhamos cenas de sete páginas. É como se na televisão, naquele momento, você tivesse mais tempo. Você podia parar para respirar. Hoje é tudo muito rápido. Não posso avaliar se é ruim, se é bom, é uma mudança de linguagem e de forma”, concluiu.
Influência americana
Regina Duarte, que também participou da coletiva, concordou com Lucélia. “Eu me lembro que História de Amor [1995], que foi a minha primeira Helena do Maneco, eram com cenas enormes, os papos, as confidências... era como se fosse algo confessional. Os personagens abriam a sua alma. O ator tinha um tempo, existiam pausas, as pessoas respiravam antes de falar. Agora é muita ação”, comentou.
Para a atriz, as novelas brasileiras sofreram influência do cinema americano. “Lembro que quando era jovem todo mundo falava que o cinema europeu tinha um ritmo diferente do cinema americano. E o cinema americano foi ficando cada vez mais acelerado. Acho que a gente foi por aí também. Se é bom ou não é, não sei. As duas coisas são boas, dependendo da proposta. O ideal é que existissem ainda novelas com esse tempo, onde o ator pudesse buscar a emoção, porque no fundo a gente precisa emocionar o telespectador e, para isso, a gente precisa se emocionar também”.
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