Você passa meses, às vezes anos, da sua vida seguindo fielmente uma
história pela TV. O final é iminente, e quando ele chega espera-se, no
mínimo, um desfecho à altura. Mas algumas séries e novelas se perderam
bem nessa hora.
É possível uma única cena acabar com toda a boa trajetória de uma novela? Se isso significa alguém sair voando em um cavalo alado rumo a lugar nenhum, pode sim. Pois a cena inacreditável manchou o final de O Clone. E nem aconteceu com os personagens principais (Jade e Lucas), mas sim com a contadora de histórias Nazira e seu amado Miro. Como se não bastasse uma história digna de conto de fadas em seu príncipe encantado aparece montado em um cavalo branco para te buscar, o animal ainda precisa ter asas? Considerando-se o clima das “Mil e uma Noites”, deveria ter sido, pelo menos, um tapete mágico…
O autor de A Favorita (2008) decidiu ousar e dar ares de final de novela em um capítulo lá pela metade da trama. O resultado – como qualquer produção que chega ao seu clímax – foi começar o inevitável caminho da decadência. O problema é que ainda tinha mais meia novela pela frente. E depois de tanto se arrastar, ele precisou criar um outro final – dessa vez, de verdade. Nessa hora, não conseguiu sair dos clichês de casais apaixonados felizes para sempre e vilões pagando por todas as suas armações. Como se não bastasse, ainda veio a cena final: Flora, ainda criança, dizendo à então melhor amiga Donatela: “Você é a minha favorita”. Totalmente dispensável.
Pode uma série que arrancou gargalhadas dos telepectadores ao longo de oito temporadas (de 1998 a 2006) terminar com um episódio depressivo e sem graça? Poder não pode, mas foi exatamente isso que fizeram com Will and Grace. Os amigos inseparáveis desde o momento em que se conheceram ficam anos separados, vivendo suas vidas ao lado de outras pessoas e tendo filhos. Aliás, se não fosse por esses filhos, eles nunca voltariam a se ver – o reencontro acontece quando eles estão ajudando os jovens a se mudar para a faculdade e descobrem que eles vão estudar no mesmo lugar. Mas isso só se viu nos últimos minutos do especial de uma hora – e apenas quem teve paciência de acompanhar a chata história até o fim.
O Marrocos virou Índia, Jade passou a ser Maya, “Inshallah” ganhou formas de “Are Baba” e O Clone se viu reproduzido nas telinhas por Caminho das Índias (2009). Mas ainda que a história não tenha desapontado tanto, o final da novela não deixou por menos. É compreensível que o candidato a protagonista e mocinho Bahuan seja um pouco escanteado depois que o público mostrou pouca simpatia por ele, mas precisava tirar qualquer referência a ele no último capítulo? E o que foi o reencontro de Maya e Raj? Enquanto caminham um em direção ao outro, as roupas básicas rapidamente se transformam em ricas vestimentas de festa, e ela ganha brincos e maquiagem à altura. Fantasia demais, até para o Oriente.
Quando você descobre que sua série ainda tem muitas histórias para amarrar, inúmeros casais a juntar e só te resta um único capítulo, no fim da quarta e última temporada, de duas uma: ou você simplesmente ignora alguns personagens, ou começa uma corrida desenfreada para conseguir dar conta de tudo o que não conseguiu em quatro anos (de 2002 a 2006). Os produtores de Everwood ficaram com a segunda opção e exigiram do público muita atenção para não perder nada importante – o que poderia acontecer em um simples piscar de olhos. No fim, basta saber que quase todos os casais ficaram juntos. E Amy sela seu final feliz ao lado de Ephram levando nada menos do que uma roda gigante para a frente da casa dele.
Jack Bauer finalmente parou de correr contra o relógio. Mas muita gente nem se deu conta de que a série chegou ao fim, porque o último episódio poderia muito bem ser qualquer um de qualquer temporada. Não tinha cara de final, nem parecia que o agente nunca mais teria uma missão. Há quem diga que uma das razões tenha sido o fato de que o seriado já estava fazendo hora extra – no ar desde 2001 – e deveria ter sido encerrada antes – terminou este ano. Mas também não precisava ter deixado tudo tão no ar, a ponto de o personagem principal simplesmente desaparecer.
Se um autor decide criar um mistério na metade de uma novela para só decifrá-la no final, é melhor que o suspense valha a pena – sob pena de ter boa parte de telespectadores revoltados por esperar tanto para nada. Pois foi exatamente assim que muitos se sentiram no último capítulo de Paraíso Tropical. Depois de fazer o público reviver o clima de tensão atiçado por Vale Tudo e A Próxima Vítima, qual não foi a decepção ao constatar que o assassino da gêmea má Taís era o mais óbvio de todos? O impagável vilão Olavo.
Casamentos (sim, no plural), despedidas e passagens de tempo. Não, isso não é mais um batido final de novela. Na verdade, essa é a maneira como se pode resumir o último episódio da série The O.C. – que no Brasil ganhou o título de Um Estranho no Paraíso. Tudo bem que a série vinha sofrendo uma vertiginosa queda de audiência desde a morte (na 3ª temporada) de Marissa Cooper, uma das principais personagens. Mas os produtores não precisavam ter jogado a toalha antes de colocar o ponto final na série, que foi exibida de 2003 a 2007, em quatro temporadas.
Em uma novela normal, não importa em qual fria o personagem principal se meta, ele sempre vai sobreviver. Essa é uma certeza que o telespectador pode ter. Pelo menos, até o último capítulo de Pecado Capital. Até dá para relevar o fato de que o taxista Carlão não era nenhum santo – muito ao contrário, afinal, qualquer semelhança da ambição do personagem com o título não é mera coincidência. Ainda assim, matar o mocinho com um tiro nas costas, abraçado a uma mala cheia de dinheiro, é um exagero – criado na versão original, em 1975, e repetido no remake de 1998.
Assim que o seriado Lost começou a ser exibido, em 2004, uma legião de fãs enlouquecidos e ávidos por respostas começaram a ganhar forma. A cada episódio, mais perguntas iam se acumulando e menos resoluções apareciam. Parecia que tudo ia ficar para o fim. E ficou. Mas, no desfecho, em maio deste ano, os criadores perceberam que seria impossível esclarecer tudo – mesmo com as 2h30 de duração do último episódio, após seis temporadas. Foram tantos flashbacks e referências a capítulos anteriores que os telespectadores não conseguiram sequer entender a primeira de todas as perguntas: o que era a tal ilha, afinal? Cada um que pense na sua resposta.
1 - O Clone
É possível uma única cena acabar com toda a boa trajetória de uma novela? Se isso significa alguém sair voando em um cavalo alado rumo a lugar nenhum, pode sim. Pois a cena inacreditável manchou o final de O Clone. E nem aconteceu com os personagens principais (Jade e Lucas), mas sim com a contadora de histórias Nazira e seu amado Miro. Como se não bastasse uma história digna de conto de fadas em seu príncipe encantado aparece montado em um cavalo branco para te buscar, o animal ainda precisa ter asas? Considerando-se o clima das “Mil e uma Noites”, deveria ter sido, pelo menos, um tapete mágico…
2 - A Favorita
O autor de A Favorita (2008) decidiu ousar e dar ares de final de novela em um capítulo lá pela metade da trama. O resultado – como qualquer produção que chega ao seu clímax – foi começar o inevitável caminho da decadência. O problema é que ainda tinha mais meia novela pela frente. E depois de tanto se arrastar, ele precisou criar um outro final – dessa vez, de verdade. Nessa hora, não conseguiu sair dos clichês de casais apaixonados felizes para sempre e vilões pagando por todas as suas armações. Como se não bastasse, ainda veio a cena final: Flora, ainda criança, dizendo à então melhor amiga Donatela: “Você é a minha favorita”. Totalmente dispensável.
3 - Will and Grace
Pode uma série que arrancou gargalhadas dos telepectadores ao longo de oito temporadas (de 1998 a 2006) terminar com um episódio depressivo e sem graça? Poder não pode, mas foi exatamente isso que fizeram com Will and Grace. Os amigos inseparáveis desde o momento em que se conheceram ficam anos separados, vivendo suas vidas ao lado de outras pessoas e tendo filhos. Aliás, se não fosse por esses filhos, eles nunca voltariam a se ver – o reencontro acontece quando eles estão ajudando os jovens a se mudar para a faculdade e descobrem que eles vão estudar no mesmo lugar. Mas isso só se viu nos últimos minutos do especial de uma hora – e apenas quem teve paciência de acompanhar a chata história até o fim.
4 - Caminho das Índias
O Marrocos virou Índia, Jade passou a ser Maya, “Inshallah” ganhou formas de “Are Baba” e O Clone se viu reproduzido nas telinhas por Caminho das Índias (2009). Mas ainda que a história não tenha desapontado tanto, o final da novela não deixou por menos. É compreensível que o candidato a protagonista e mocinho Bahuan seja um pouco escanteado depois que o público mostrou pouca simpatia por ele, mas precisava tirar qualquer referência a ele no último capítulo? E o que foi o reencontro de Maya e Raj? Enquanto caminham um em direção ao outro, as roupas básicas rapidamente se transformam em ricas vestimentas de festa, e ela ganha brincos e maquiagem à altura. Fantasia demais, até para o Oriente.
5 - Everwood
Quando você descobre que sua série ainda tem muitas histórias para amarrar, inúmeros casais a juntar e só te resta um único capítulo, no fim da quarta e última temporada, de duas uma: ou você simplesmente ignora alguns personagens, ou começa uma corrida desenfreada para conseguir dar conta de tudo o que não conseguiu em quatro anos (de 2002 a 2006). Os produtores de Everwood ficaram com a segunda opção e exigiram do público muita atenção para não perder nada importante – o que poderia acontecer em um simples piscar de olhos. No fim, basta saber que quase todos os casais ficaram juntos. E Amy sela seu final feliz ao lado de Ephram levando nada menos do que uma roda gigante para a frente da casa dele.
6 - 24 Horas
Jack Bauer finalmente parou de correr contra o relógio. Mas muita gente nem se deu conta de que a série chegou ao fim, porque o último episódio poderia muito bem ser qualquer um de qualquer temporada. Não tinha cara de final, nem parecia que o agente nunca mais teria uma missão. Há quem diga que uma das razões tenha sido o fato de que o seriado já estava fazendo hora extra – no ar desde 2001 – e deveria ter sido encerrada antes – terminou este ano. Mas também não precisava ter deixado tudo tão no ar, a ponto de o personagem principal simplesmente desaparecer.
7 - Paraíso Tropical
Se um autor decide criar um mistério na metade de uma novela para só decifrá-la no final, é melhor que o suspense valha a pena – sob pena de ter boa parte de telespectadores revoltados por esperar tanto para nada. Pois foi exatamente assim que muitos se sentiram no último capítulo de Paraíso Tropical. Depois de fazer o público reviver o clima de tensão atiçado por Vale Tudo e A Próxima Vítima, qual não foi a decepção ao constatar que o assassino da gêmea má Taís era o mais óbvio de todos? O impagável vilão Olavo.
8 - The O.C.
Casamentos (sim, no plural), despedidas e passagens de tempo. Não, isso não é mais um batido final de novela. Na verdade, essa é a maneira como se pode resumir o último episódio da série The O.C. – que no Brasil ganhou o título de Um Estranho no Paraíso. Tudo bem que a série vinha sofrendo uma vertiginosa queda de audiência desde a morte (na 3ª temporada) de Marissa Cooper, uma das principais personagens. Mas os produtores não precisavam ter jogado a toalha antes de colocar o ponto final na série, que foi exibida de 2003 a 2007, em quatro temporadas.
9 - Pecado Capital
Em uma novela normal, não importa em qual fria o personagem principal se meta, ele sempre vai sobreviver. Essa é uma certeza que o telespectador pode ter. Pelo menos, até o último capítulo de Pecado Capital. Até dá para relevar o fato de que o taxista Carlão não era nenhum santo – muito ao contrário, afinal, qualquer semelhança da ambição do personagem com o título não é mera coincidência. Ainda assim, matar o mocinho com um tiro nas costas, abraçado a uma mala cheia de dinheiro, é um exagero – criado na versão original, em 1975, e repetido no remake de 1998.
10 - Lost
Assim que o seriado Lost começou a ser exibido, em 2004, uma legião de fãs enlouquecidos e ávidos por respostas começaram a ganhar forma. A cada episódio, mais perguntas iam se acumulando e menos resoluções apareciam. Parecia que tudo ia ficar para o fim. E ficou. Mas, no desfecho, em maio deste ano, os criadores perceberam que seria impossível esclarecer tudo – mesmo com as 2h30 de duração do último episódio, após seis temporadas. Foram tantos flashbacks e referências a capítulos anteriores que os telespectadores não conseguiram sequer entender a primeira de todas as perguntas: o que era a tal ilha, afinal? Cada um que pense na sua resposta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário