A
prisão de Jurema (Zezeh Barbosa) por causa de sua religião aconteceu em
um momento bem oportuno. Nunca, como atualmente, se discutiu a
liberdade de religião nas novelas.
Em
“Lado a Lado”, Jurema foi presa por causa de sua religião de origem
africana. No começo do século XX, período retratado pela novela, era
permitido ter a religião que quisesse, porém havia uma lei que impedia a
“adivinhação” e o uso de ervas para ludibriar pessoas. Como declarou
João Ximenes Braga, um dos autores de “Lado a Lado”, ao site da novela,
essa era uma brecha para que as religiões africanas fossem
criminalizadas.
Enquanto os
personagens na novela lutam pela liberdade religiosa, nossa sociedade
atual (que se autodeclara “mais avançada”) continua com as mesmas
discussões sobre o assunto. Recentemente, um pastor de uma determinada
religião criou uma campanha no Facebook para atacar a microssérie “O
Canto da Sereia” só porque a protagonista era bissexual e praticante do
candomblé.
Aproveitando o ataque à
microssérie, a Record usou o “Domingo Espetacular” para exibir uma
grande reportagem atacando a Globo sobre essa questão da religião, e
aproveitou a viagem para meter o pau em “Salve Jorge”. Sabemos que a
implicância da Igreja Universal com a novela de Gloria Perez é antiga, e
o site do bispo dono da Record já chegou a incitar que a novela sobre
“temas pagãos” fosse “apedrejada”. Na verdade, ele dizia que os fiéis
deveriam ver um programa sobre um religioso de prestígio, no caso a
minissérie “Rei Davi”, exibida no mesmo horário. Ou seja, ele
transformou a competição por audiência a uma guerra de fés “opostas”.
O
ponto mais legal de “Lado a Lado”, muito além da história e da pesquisa
histórica quase perfeita, é mostrar o quanto somos parecidos com a
sociedade brasileira do começo do século passado. Infelizmente
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